Memórias

Há onze anos atrás, na ocasião do fim-de-semana que se aproxima, realizava-se o Hard Rock Café, um evento com a organização da agora extinta ATRIUM e que ia na sua 3ª edição (creio mesmo que foi a última). O modelo desta mostra de música moderna de Rio Maior adaptou-se há falta de verbas e apoios camarários, pois o objectivo na altura era fazer um "Rock in Rio", uma ironia ambiciosa para o meio, Rio Maior na sua plenitude, como reconhecido pelos promotores da ideia. O apoio não veio e fez-se o festival num molde mais humilde, 3 noites, com 3 bandas em 3 bares de Rio Maior, precedido de duas festas de apresentação em Lisboa e Porto, nos entretanto extintos Ritz Club e Hard Club, as duas festas na altura com os agora míticos TÉDIO BOYS, que na altura andavam a rodar o seu EP Fuck the Beatles go country!!.

O cartaz como podem ver era bastante ecléctico, respeitando os critérios de qualidade e inovação. Eu, por motivos de índole desportiva, só pude ver o primeiro dia, Lembro-me de ter havido porrada no concerto de X-acto (onde tocavam membros dos actuais Vicious Five), lembro-me de ter comprado uma k7 roxa aos Three and a quarter que ainda tenho por 200$00 e lembro-me do apoteótico concerto dos Nictúria do Duarte, Ivo e Nero, ou não tivessem a tocar em casa e tivessemos todos 17/18 anos.

Mas mais importante que o festival em si, pelo menos para a minha formação como rocker! ehehe, foram os concertos de apresentação do festival, onde vi pela primeira e única vez os Tédio Boys ao vivo. Lembro-me de termos conseguido que a Câmara municipal de Rio Maior cede-se um autocarro de 50 lugares para levar a malta toda para o Porto a uma quarta-feira (se bem me lembro) e de termos chegado lá na hora de jantar e de termos dado logo com os Tédio Boys, que na altura jantavam com o pessoal da ATRIUM e de logo ali começar o espanto, quem seriam aqueles cromos e o que iriam tocar?! Os Nictúria fizeram o seu set e depois vieram os Tédio Boys. O que vi mudou o curso da minha existência, nunca nos meus 17 anos de vida tinha visto nada assim, e, mesmo sem compreender bem curti aquilo como o caraças, para os mais jovens digamos que aquilo que os meninos Black Lips fazem agora era muito parecido ao que eles faziam há onze anos atrás, nudez, tocar com partes do corpo menos próprias, etc etc etc, foram o prato do dia, o concerto culminou com uma invasão de palco e com um gajo a atirar-se para a bateria do Ivo (que estava a ser utilizada pelo Kaló) e a partir aquilo tudo. Acabava-se o concerto e começava a confusão com um dos riomaiorenses presentes a ameaçar os Tédios Boys de tocar num raio de 50 km de Rio Maior se não haviam de ajustar contas com ele.

Os Tédio Boys já cá não andam, mas alguns dos seus membros já passaram mais do que uma vez por Rio Maior sem que esse indivíduo tivesse cumprido a sua promessa! ehehe Esta história já foi várias vezes tema de conversas entre nós e o Toni e o Kaló aquando das suas vizitas a Rio Maior, sempre com a justificação de que aqueles gajos que lixaram a bateria eram tipos do norte que acompanhavam sempre os Tédio Boys e que faziam sempre porcaria nos concertos! ehehe (há sempre Germanos por aí!)

Se querem que vos diga, acho que os Maiorais começaram nessa noite!

Ps: a ATRIUM não fazia só eventos musicais, tinha também uma revista - a CUBA INOX-, um grupo de teatro e realizava exposições, um modelo que poderia ser revitalizado, houvesse uma confluência de ideias e esforços! Na altura colaboravam com a ATRIUM Helder Raimundo, Luís Germano, João Vinagre, João Paulo Antunes, Gonçalo Moura, Manoel Barbosa, Darin Pappas, Susana, Henrique Amaro, etc etc etc...
De certa forma esta gente mostrou-nos que em Rio Maior também se pode fazer coisas fixes. Passados onze anos fica o reconhecimento, obrigado!

Ps2: Na altura havia também outra associação cultural, a ACJ, mas sobre essa não tenho tanta informação...