DNa
Excertos da entrevista a José Miguel Júdice publicada no suplemento DNa:
“…Também me excedi uma vez, por exemplo, numa entrevista à TSF em que, a certa altura, fiz uma violenta crítica a todos os que violavam o segredo de Justiça. Fui muito violento não apenas com as outras profissões mas também com a minha. Mas, se calhar, fui violento demais. Tive uma reacção violentíssima dos funcionários, dos juízes, dos procuradores. Mas, também, eles eram todos uns brinquinhos, uns vidrinhos, estavam todos muito ofendidinhos. Eram muito coitadinhos.
Isso é um traço de carácter português?
- É, é. Nós gostamos de dizer mal pelas costas e bem pela frente. Nós gostamos de ser amigos de toda a gente e de não gostar de ninguém. Nós gostamos de ser manhosos e, passe a palavra (olhe, lá está a minha truculência!), gostamos de ser merdosos. E eu não gosto disso. È um lado da alma portuguesa que me irrita profundamente”
…
Apesar da tensão, já chegou a dizer que agradece os dias que viveu na prisão…
- Ah, sim! Eu costumava dizer que as pessoas em vez de irem para a tropa deviam ir para a cadeia. Enfim, devia fazer parte da formação cívica estar preso.
O que é que aprendeu na prisão?
- Olhe, aprendi várias coisas: em primeiro lugar, o valor da liberdade. Uma coisa é conhecer a liberdade, gostar de liberdade. Outra coisa é perceber a sua falta. Só na prisão é que se percebe isso. Em segundo lugar, percebi a necessidade de, em situações limite, mantermos a serenidade. Aprendi que, quando as situações são terríveis, não temos de ter muita esperança. Porque a esperança excessiva pode fazer pior que a esperança menos forte. Se eu tivesse uma esperança excessiva, de cada vez que abriam a porta pensava que ia sair. Vi pessoas desfazerem-se psicologicamente assim. Aprendi o valor da solidariedade. Aprendi a necessidade de ter coragem. Aprendi a necessidade de estar sempre do lado dos nossos, mesmo que eles não tenham razão, em vez de estar no lado dos outros mesmo que concordemos com eles. Acho que isto é muito da minha maneira de estar na vida. A prisão ensinou-me isso também. Eu prefiro estar com os meus discordando deles do que estar com os outros concordando com eles.”
Muitos dos exemplos de que falava anteriormente só tomo conhecimento deles através do suplemento de sexta feira do Diário de Notícia, o DNa, que começou por ser apenas mais um suplemento do DN que saía aos sábados com os outros todos, em que eu só comprava o jornal devido ao extinto DN+, agora integrado no DNa, com a designação de DN:música, para se tornar na única publicação que compro quase religiosamente. Gosto da publicação, gosto das entrevistas, da coluna do MEC, das bebidas do Martins (onde é que elas estavam esta semana?), das fotoreportagens, dos perfis que fazem das mais variadas pessoas dos mais variados quadrantes, da frontalidade do Dr. Eduardo Barroso e gostava das maluquices da Camila, digo maluquices porque por demais vezes lia os artigos e ficava na mesma, quer dizer, não chegava a compreender totalmente, nem sei se parcialmente, mas gostava de ler aquilo, é pena que ela já não escreva no DNa. Não sei porque, e com a reprovação da minha mãe, tenho a mania de guardar estas revistas, talvez seja porque tenha lido tantas coisas interessantes e, como não há espaço para tudo na memória, esteja a guardá-las para mais tarde voltar a dar uma vista de olhos.
Foi na edição n.º 438 da sexta feira passada que li a entrevista ao ex-bastonário da Ordem dos Advogados, quando somos bombardeados por todos os lados de falinhas mansas, politicamente correctos, de pseudo-amigos, de trovadores da boa nova e das melhoras, sabe bem dar de caras com pessoas assim, sem merdices ou, como eu gosto de dizer, sem paneleirices.
Nas suas palavras, as quais transcrevo parcialmente, revejo-me e subscrevo incondicionalmente. Eu nunca fui pessoa de fáceis amizades ou amizades de conveniência, os meus amigos sabem que sou assim, gosto de gostar dos meus verdadeiros amigos e de ser verdadeiramente amigo, mas não gosto de conhecer todos, da obrigação de ser “amigo de todos”, ou mesmo, no meu muito reprovável feitio, sequer lembrar-me do nome de todos aqueles que rodeiam a minha existência, escolho apenas conhecer, gostar e ser amigo daqueles que eu bem quero, talvez seja um luxo, mas quero continuar assim. A minha maneira de lidar com as emoções e, algumas vezes mais grave, de expressar essas emoções, leva-me muitas vezes a sentir que o meu apreço e carinho, gratidão e dependência, respeito e alegria de os ter como amigos, que nutro pelos meus amigos não é expressado da melhor maneira, mas tento sempre melhorar esse aspecto. Em relação à liberdade, eu gostava de acreditar em liberdade para todos, enquanto tal não é possível à que lutar por ela para dar sentido à vida, para sermos mais e melhor, sempre no lado dos nossos, aqueles que nos são mais importantes e aqueles sem os quais a vida se torna mais dolorosa.
“…Também me excedi uma vez, por exemplo, numa entrevista à TSF em que, a certa altura, fiz uma violenta crítica a todos os que violavam o segredo de Justiça. Fui muito violento não apenas com as outras profissões mas também com a minha. Mas, se calhar, fui violento demais. Tive uma reacção violentíssima dos funcionários, dos juízes, dos procuradores. Mas, também, eles eram todos uns brinquinhos, uns vidrinhos, estavam todos muito ofendidinhos. Eram muito coitadinhos.
Isso é um traço de carácter português?
- É, é. Nós gostamos de dizer mal pelas costas e bem pela frente. Nós gostamos de ser amigos de toda a gente e de não gostar de ninguém. Nós gostamos de ser manhosos e, passe a palavra (olhe, lá está a minha truculência!), gostamos de ser merdosos. E eu não gosto disso. È um lado da alma portuguesa que me irrita profundamente”
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Apesar da tensão, já chegou a dizer que agradece os dias que viveu na prisão…
- Ah, sim! Eu costumava dizer que as pessoas em vez de irem para a tropa deviam ir para a cadeia. Enfim, devia fazer parte da formação cívica estar preso.
O que é que aprendeu na prisão?
- Olhe, aprendi várias coisas: em primeiro lugar, o valor da liberdade. Uma coisa é conhecer a liberdade, gostar de liberdade. Outra coisa é perceber a sua falta. Só na prisão é que se percebe isso. Em segundo lugar, percebi a necessidade de, em situações limite, mantermos a serenidade. Aprendi que, quando as situações são terríveis, não temos de ter muita esperança. Porque a esperança excessiva pode fazer pior que a esperança menos forte. Se eu tivesse uma esperança excessiva, de cada vez que abriam a porta pensava que ia sair. Vi pessoas desfazerem-se psicologicamente assim. Aprendi o valor da solidariedade. Aprendi a necessidade de ter coragem. Aprendi a necessidade de estar sempre do lado dos nossos, mesmo que eles não tenham razão, em vez de estar no lado dos outros mesmo que concordemos com eles. Acho que isto é muito da minha maneira de estar na vida. A prisão ensinou-me isso também. Eu prefiro estar com os meus discordando deles do que estar com os outros concordando com eles.”
Muitos dos exemplos de que falava anteriormente só tomo conhecimento deles através do suplemento de sexta feira do Diário de Notícia, o DNa, que começou por ser apenas mais um suplemento do DN que saía aos sábados com os outros todos, em que eu só comprava o jornal devido ao extinto DN+, agora integrado no DNa, com a designação de DN:música, para se tornar na única publicação que compro quase religiosamente. Gosto da publicação, gosto das entrevistas, da coluna do MEC, das bebidas do Martins (onde é que elas estavam esta semana?), das fotoreportagens, dos perfis que fazem das mais variadas pessoas dos mais variados quadrantes, da frontalidade do Dr. Eduardo Barroso e gostava das maluquices da Camila, digo maluquices porque por demais vezes lia os artigos e ficava na mesma, quer dizer, não chegava a compreender totalmente, nem sei se parcialmente, mas gostava de ler aquilo, é pena que ela já não escreva no DNa. Não sei porque, e com a reprovação da minha mãe, tenho a mania de guardar estas revistas, talvez seja porque tenha lido tantas coisas interessantes e, como não há espaço para tudo na memória, esteja a guardá-las para mais tarde voltar a dar uma vista de olhos.
Foi na edição n.º 438 da sexta feira passada que li a entrevista ao ex-bastonário da Ordem dos Advogados, quando somos bombardeados por todos os lados de falinhas mansas, politicamente correctos, de pseudo-amigos, de trovadores da boa nova e das melhoras, sabe bem dar de caras com pessoas assim, sem merdices ou, como eu gosto de dizer, sem paneleirices.
Nas suas palavras, as quais transcrevo parcialmente, revejo-me e subscrevo incondicionalmente. Eu nunca fui pessoa de fáceis amizades ou amizades de conveniência, os meus amigos sabem que sou assim, gosto de gostar dos meus verdadeiros amigos e de ser verdadeiramente amigo, mas não gosto de conhecer todos, da obrigação de ser “amigo de todos”, ou mesmo, no meu muito reprovável feitio, sequer lembrar-me do nome de todos aqueles que rodeiam a minha existência, escolho apenas conhecer, gostar e ser amigo daqueles que eu bem quero, talvez seja um luxo, mas quero continuar assim. A minha maneira de lidar com as emoções e, algumas vezes mais grave, de expressar essas emoções, leva-me muitas vezes a sentir que o meu apreço e carinho, gratidão e dependência, respeito e alegria de os ter como amigos, que nutro pelos meus amigos não é expressado da melhor maneira, mas tento sempre melhorar esse aspecto. Em relação à liberdade, eu gostava de acreditar em liberdade para todos, enquanto tal não é possível à que lutar por ela para dar sentido à vida, para sermos mais e melhor, sempre no lado dos nossos, aqueles que nos são mais importantes e aqueles sem os quais a vida se torna mais dolorosa.
1 Comments:
E podemos trabalhar nisso juntos, sobretudo no atirar bolas, uma maiores que as outras e só tenho pena que não vejas que eu muitas das vezes gosto ainda mais de luxo do que tu...
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