domingo, novembro 13, 2005

Devendra Banhart & Hairy Fairy @ Aula Magna 12-11-05


Eu estava à espera de algo bom, mas não estava à espera de tanto e ontem saiu-me a sorte grande de assistir a um magnífico concerto de Devendra Banhart e os seus Hairy Fairy, após uma longa jornada desportiva do meu irmão, mais uma vez coroada de sucesso. É impossível descrever adequadamente o que se passou neste concerto, mas vou tentar.
Após um twist inesperado, eis que, de 1 a minha companhia para o concerto somava 5 pessoas, 3 que gostam de Devendra Banhart e três que desconheciam, não gostavam muito ou era-lhes indiferente, mas tinham decidido arriscar a vir a um concerto, no mínimo, diferente. (isto claro, após muita dissuasão, tipo: “o vosso dinheiro de volta caso não fiquem satisfeitos com o concerto”, ah, e ter “torneado” a verdade dizendo que os Caveira eram uma banda de Jazz :))
No dia do concerto o tempo estava farrusco, os corpos estavam cansados, portanto nem era propriamente mau que o concerto se realizasse na Aula Magna, pelo menos à partida.
A primeira parte ficou a cabo dos Caveira e quem veio a pensar que a primeira parte seria ocupada por um sucedâneo qualquer ou algo com pouco interesse, como muitas vezes acontece, foi confrontado por uma descarga sonora a fazer lembrar os míticos MC5 ou os mais recentes Comets on Fire, de Ben Chasny (Six Organs of Admittence). Alguns dos que foram apanhados incautos aproveitaram para ir apanhar ar lá fora ou para por a conversa em dia, os que ficaram assistiram a uma jam sónica capaz de nos levar a passear pelo céu e o inferno. Com muitos decibéis de rock’n’roll espacial as coisas começavam a aquecer e de que maneira… Nesta altura as cadeiras começavam a atrapalhar.
Acabando o “barulho” eis que surgem os Hairy Fairy, comandados pelo capitão Devendra Banhart. O concerto começou numa toada calma, “Quédate luna”, “Heard someone say” e “Hey mama wolf” mostravam a delicadeza das músicas de Devendra e Cª. Por esta altura eu já estava rendido. “Porra, como é que algo pode ser tão perfeito? As guitarras, as vozes, os arranjos, o baixo, tudo… Como é que ainda há música assim que nos conseguem hipnotizar desta maneira?” Estes pensamentos assolavam-me, esses e o porque de haver pessoas que por uma razão ou outra não têm a oportunidade de ver estas coisas. Mas enfim, se calhar há coisas que não são feitas para serem partilhadas com muita genta…
Durante o concerto o ritmo iria alterar-se, ora tínhamos músicas mais ritmadas, “This beard is for siobahn” ou “Long-haired child” (em que as cadeiras atrapalhavam e muito!) ou músicas mais calmas, como “Lazy buterfly”, com a participação do Norberto (quien és no lo se!), e muitas outras.
Não vale a pena estar a dizer mais, não consigo descrever o que se passou nem quero. Quem foi sabe que foi muito bom, algo único. Quem não foi já não volta a ter a oportunidade de o ver ontem, talvez uma outra vez. Poderá ser melhor ou pior, nunca se sabe, mas como ele disse em entrevista ao Blitz, cada música que ele escreve pode ser a última e eu acrescento: cada concerto dele também, não só por ele mas também por nós. Por isso não vale a pena andarmos a perder oportunidades como esta para presenciarmos algo lindíssimo.
No fim, o sorriso na minha cara era sinal de que o concerto tinha sido bom e o facto de não ter desembolsado dinheiro para pagar os bilhetes dos meus amigos significava que eles também haviam ficado felizes com o concerto. Depois, para aproveitar a boa vibração e para aconchegarmos os nossos estômagos vazios, rumamos a minha casa para um belo cházinho e umas torradas daquelas.
Na rua continuava a chover mas por dentro estávamos bem quentinhos.

2 Comments:

Blogger Tosttas said...

A eterna gestão das expectativas... Fomos de cabeça baixa para o concerto, com a certeza de que seria a última vez que nos deixávamos levar nas cantilenas do Paulo. Chegados à Aula Magna, deparamo-nos com aquele showzaço dos Caveira, que tiveram a amabilidade de destroçar qualquer restinho de expectativa positiva sobre o concerto.
Reconheço que o concerto foi muito bacano, mas é preciso ver que qualquer "Gonçalo" que por lá aparecesse, corria o risco de passar por artista.

10:08 da tarde  
Blogger Paulo para todas as obras said...

Showzão! Grandes Caveira! (a sério)
É pá, o gonçalo estava um pouco desafinado!
Domingo há mais - Sigur Rós, é pena é já não haver bilhetes para voces! Mas para mim ainda chegaram, eheh!

1:05 da tarde  

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