quinta-feira, agosto 31, 2006

Bom Fim-de-Semana

Patti Smith
Gloria

Vai já passar...



Guarda alguns sonhos meu bem
Dos que não caiem no chão
Dos que não partem nas horas de solidão
Guarda a criança meu bem
Nas linhas claras da mão
Onde vozes cantem espantem a escuridão
E enquanto é cedo, brincam os dias
Pouco importa fora das fantasias
Quando algum medo, estrela vazia
Deixar sem segredos toda a poesia!
Não te aflijas que tudo vai, vai já passar, vai já passar meu bem...
Tudo vai, vai já passar, vai já passar eu sei!
Guarda-te bem meu bem que o bem é pouco e já lá vem
O quem é quem, o tem não tem, o mundo inteiro e o ninguém
Não te aflijas que tudo vai, vai já passar, vai já passar meu bem...
Tudo vai, vai já passar, vai já passar eu sei!
Vai, vai já passar meu bem...
Vai, vai já passar meu bem...

JP Simões - Quinteto Tati

terça-feira, agosto 29, 2006

Paredes de Coura 06

Visão do palco secundário ao sair pela última vez do Paredes de Coura 2006, ao fundo actuavam os Selfish Cunt. Saldo final: muito bom! Nem a chuva nem ninguém estragou aquele que é o festival com mais carisma de Portugal. Obrigado a toda a malta que me acompanhou durante o festival e para o ano há mais, haja saúde!
Para terminar as actuações no palco principal, os Bauhaus subiram ao palco para um bom concerto, pese embora um pouco longo, no entanto, como completo desconhecedor da obra da banda até que me pareceu bem, especialmente as grandes malhas de baixo. Mas que o concerto devia estar a ser fenomenal, isso devia, a julgar pelo tralho que deu um mega fã quando se encontrava aos pulos a cantar entusiasticamente uma música qualquer...
A senhora merece a foto, já lá vão 30 ano a rockenrolar ou melhor, a psychobilar!
Embora a idade seja um posto, os The Cramps não deixam os seus créditos por mãos alheias e não defraudam quem vêm para os ver. Grande concerto, onde a mítica dupla Lux Interior & Poison Ivy mostram um pouco daquilo que os tornou na lenda que são e que veêm criando desde 1976! De certeza que a malta de coimbra não ficou desiludida.
O grande concerto da noite na categoria de sub 40 anos coube aos !!! Grandes batidas que deixam antever desde já um grande novo álbum. Muito bom concerto. Com direito a dedicatória especial na última ou penúltima música para duas fãs especiais, pena é que estas duas eram fãs dos Cramps!
Com estas peripécias todas tinhamos chegado ao último dia de festival, o qual aproveitamos para dar um pulinho ao Intermarché para levantar a grade de minis que tinha ficado reservada. No caminho, e em boa hora, decidimos parar no centro cultural e ver/ouvir um pouco das tardes de poesia. Foi dessa forma que assisteimos a uma grande sessão de poesia, declamada pelos exímios declamadores e poetas Adolfo Luxúria Canibal, Isaque (qualquer coisa, ele que me perdoe, mas já não me recordo do seu último nome) e o grande A. Pedro Ribeiro, que de entre outros, proporcionou um grande momento ao declamar este poema, entitulado Declaração de amor ao primeiro ministro, de sua autoria:

Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
por todos os primeiros-ministros
e pelos segundos
e pelos terceiros
Estou apaixonado por todos os
presidentes de Câmara
e de Junta
por todos os benfeitores de obra feita
por todos os que erguem e mandam erguer
estradas, pontes, casas,
estádios, fontanários, salões paroquiais
Estou apaixonado por todos aqueles
que governam, que executam,
que decidem sem pestanejar
por todos aqueles
que dão o cu pela causa pública
que se sacrificam pelo bem comum sem nada
pedir em troca

Quero votar entusiasticamente em todos eles
encharcá-los de votos
até que se venham
em triunfo

Estou
apaixonado pelo primeiro-ministro
quero vê-lo num bacanal
com todos os
ministros
com todos os ministérios
a arfar de prazer
a enrabar o
défice, o orçamento,
o IVA, a inflação, a recessão
àgil e empreendedor
como um super-homem

Estou apaixonado pelo primeiro-ministro
quero vê-lo num filme porno.


TRABALHO COLECTIVO REALIZADO NOS ESTÚDIOS DO PARTIDO SURREALISTA SITUACIONISTA.

Depois desta tarde poética recuperamos o folego ao som dos suecos Shout out louds e da sua pop florida. Ao que se seguiu o pior concerto do festival que de tanto maduro caíu de podre. Enfim, por mais que respeite os membros dos Maduros aquilo foi muito mau! Enfim...




Depois de aturarmos dois concertos fracos - ok, pronto, os block party até que não foram assim tão fracos - e de apanharmos com chuva nos cornos, fomos bafejados pela sorte de encontrar estes dois senhores, quais mitos vivos da música portuguesa, quais espectadores como nós, na zona dos comes e bebes. E não foi que os senhores tiveram a amabilidade de tirar uma foto conosco. Ok, se não reconheceram já, os senhores do meio são o Exmo. Sr. Tó Rui, exímio guitarrista e o grande Toni Fortuna - também conhecido como o "vou ali já venho do punk rock nacional" - dos grandes d3ö! Os outros dois somos os do costume.
Outro grande concerto do festival: Yeah Yeah Yeahs! Curto mas poderoso! Infelizmente tocaram pouco e a seguir tivemos de gramar com os coitadinhos dos Block Party e dos ainda mais coitadinhos do We Are Scientists que de tão normais até metem dó, enfim...
Outro dos momentos altos do festival e o mais emblemático de todas as actuações: o vocalista de Gang of Four a destruir um microondas à tacada de basebol! Um dos concertos mais aguardados de uma banda que se apresentava pela primeira vez em Portugal 25 anos depois da primeira data que tiveram marcada para o nosso país. Na minha opinião se eles fossem uns putos novos arrebentavam com tudo, mas como já são Kotas a malta filha a olhar de boca aberta. Fenomenal! To hell with poverty, Damaged goods, Ether, I Found that essence rare e Anthrax nem uma faltou neste concerto brutal! É pena é que logo neste não consegui tirar fotos de jeito, também não tive muito interessado nisso...
Por falar em fixes - parece que as duas bandas se deram bastante bem, tendo os americanos convidado os tugas a irem para os states fazerem umas datas em conjunto - e mesmo sem Josh Homme, mas com outros companheiros das desert sessions, os Eagles of Death Metal e o seu "the devil" deram um bom concerto.
O primeiro concerto do segundo dia coube aos portugueses Vicious 5. Foi a primeira vez que os vi e, pelo que vi, acho que vou repetir a dose um destes dias, é que se como banda são competentes, o vocalista como personagem cómica é o maior - ou como ele próprio diz alguém tem de ser o "fixe" da banda!
Mais uma vez comprovou-se que não há nada mais democrático do que uma bela chuvada - molha a todos pela mesma medida!
Gustavo, Idalécio e o meu bro vestidos a rigor para a intempérie!
O sacana do Morrisey teve de trazer a chuva com ele e dessa forma transformar uma alegre autovivenda num refúgio para o pobre do refugiado fugido ao mau temperamento de São Pedro. God must be winning!
A acabar a primeira noite do festival os Fischerspooner encarregaram-se de nos proporcionar uma verdadeira orgia de cores, fatos de carnaval e confettis...
Broken Social Scene - O primeiro grande concerto do festival. Magnífico! Menos pop e muito mais psicadélico do que estava à espera foi um concerto para ficar na memória. Já o Morrisey decepcionou-me um pouco, mas eu também nunca fui grande fã - para aturar dor de corno já me basta a minha!
Gomez - um dos bons concertos do primeiro dia. Já andava aos anos para os ver ao vivo, não defraudaram mas também não encantaram.
Vista quase panorâmica do público no primeiro dia do festival - ainda fazia sol!
Melhor da festa de recepção ao campista: Warren Suicide. Nada de extraordinário - aliás diria esta noite ficou uns furos a baixo da noite anterior.
Primeira tarefa do festivaleiro: montar o estaminé.
Estavamos no domingo, véspera do dia de recepção ao campista, mas a animação era já muita - facto que ficou comprovadissimo pelas grandes sessões de giradiscagem dos No Dj´s da Ant3na e do Pedro Gonçalves. Grande festa de antecipação.
Quem vai a caminho de Paredes de Coura, já depois de passar por Vilar de Mouros, dá com esta pequena maravilha natural...
Ps: As fotos e o texto fazem sentido quando lidos de baixo para cima, culpa minha! Mas esta porcaria de post ainda durou umas belas horas a ser feito por causa da porcaria do upload das fotos. Espero que gostem. Até para o ano!

Eu, às vezes, podia dar em maluco... e faltar à vida.

A ouvir: Cat Power "The Greatest"
Could We

sexta-feira, agosto 11, 2006

SW 06 - best of (parte 1)











O texto vem depois do Paredes de Coura. Boas Férias!

RIP - Arthur Lee

Arthur Lee (1945 - 2006)


Em menos de um mês, desapareceram os dois maiores e mais talentosos visionários de uma das gerações que, como poucas, marcou pelo arrrojo e diferença a história da música popular.
Um há muito retirado (Syd Barrett). O outro ainda com desejo em concretizar novas ideias. Um, o diamante louco que levou cor e novas formas a Londres. O outro, o mais encantador profeta quimicamente alterado que da música com cheiro a Terra fez surgir novas imagens para novas formas de percepção.

Nuno Galopim in sound - - vison.blogspot.com


No ano passado foram os grandes do rock'n'roll & do blues a desaparecer, este ano desaparecem-nos dois nomes maiores do rock psicadélico. Primeiro foi o alucinado, mas já há muito desaparecido, Syd Barrett, agora o Arthur Lee, dos míticos Love - que infelizmente não compareceu há uns anos no Sudoeste, aquando da sua actuação com os Babylemonade.

Arthur Lee era a alma dos Love - autores de um dos melhores discos que alguma vez já ouvi, o magnífico Forever Changes. Amigo e colega de escola de Jimi Hendrix era um dos ídolos de gente como o Jim Morrisson e o Robert Plant. Recentemente a sua música pode ser escutada numa série de concertos na qual, juntamente com os Babylemonade e sob a designação de Love with Arthur Lee, Arthur Lee tocou e cantou o álbum Forever Changes na íntegra. A nova geração de músicos continua a admirar a sua obra, sendo isso bem notório, como se nota nas versões de Alone Again Or pelos Calexico, ou de A House is not a Motel pelos The Raconteurs, ou ainda no recente álbum dos Vetiver,To Find Me Gone.
Arthur Lee não se encontra mais conosco mas o seu legado é enorme.
RIP Arthur Lee


Alone Again Or


A House is not a Motel


Little Red Book


Calexico - Alone Again Or


The Raconteurs - A house is not a Motel